Urbanismo e Sociedade

Linha do Horizonte: 
Rotterdam

Cravados no chão, uma série de objectos de luz delimitam a área do centro da cidade de Roterdão destruída pela aviação nazi, em 14 de Maio de 1940. Perante a destruição total da cidade causada pelo bombardeamento de apenas 15 minutos e o fogo que se seguiu, aliada à ameaça alemã de destruir da mesma forma a cidade de Ultrecht, a Holanda capitularia no dia seguinte, 15 de Maio de 1940.

Sobre as cinzas da barbárie, o pós-guerra na cidade será marcado por um projecto de reconstrução singular, onde a arquitectura tradicional holandesa deu lugar a um intenso laboratório de novas ideias e conceitos da arquitectura, que, diga-se, já vinham tomando forma nas décadas anteriores à guerra com a ligação de diversos arquitectos da cidade à Bauhaus no âmbito da habitação social. A cidade seria assim pensada e desenhada por uma série de conhecidos arquitectos convidados, de diferentes origens e tendências, que foram dando forma ao gigantesco patchwork que hoje é Roterdão, do funcionalismo e da escala humana dos anos 70 ao alargamento da cidade a sul nas décadas seguintes e finalmente ao crescimento em altura com a construção de inúmeros arranha-céus que marcam hoje o skyline da cidade.

Fotografar em Roterdão é por isso mesmo fotografar numa cidade que assume os contrastes, que vive da constante justaposição de edifícios dispares que não param de surgir na cidade e onde as gruas de construção são hoje como uma parte integrante da paisagem urbana, uma cidade laboratório de ideias onde a arquitectura, o urbanismo e a tecnologia se fundem numa cidade que aponta ao futuro. Mais de 70 anos depois do inicio da reconstrução, Roterdão continua a pensar sobre si, sobre o que são as cidades do futuro, pontuadas por questões como a sustentabilidade e a adaptação às alterações climáticas, questões que estão no centro do debate e de inúmeras iniciativas, onde arquitectos, designers e cientistas são convidados a colaborar e a apresentar ideias inovadoras, moldando Roterdão ao futuro.